segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Uma nova era chega

De volta à city, caminho pelas ruas do centro. Deparo-me com velhos atores, antigos papéis. É triste ver e perceber que a vendedora de frutas continua cabisbaixa, com seus desejos e expectativas seguindo a mesma sincronia . Na porta da mercearia, o velho senhor ainda não conseguiu se separar da sua companheira de outrora. Ela é clara, pequena, em formado de bujão, mas ele parece não se importar com o que os outros pensam ou falam sobre sua relação de dependência. O estado sempre ébrio no qual se encontra dificulta o rompimento da relação. Talvez ele tente romper, mas o seu cheiro e seu efeito parecem aprisioná-lo.

Nada mudou. A moça das frutas, o senhor da aguardente. Tudo igual. Não percebo nenhuma perspectiva de transformação em suas faces, nem tão pouco a ilusão de mudança que todos parecem incorporar nos términos e inícios de ano.

Triste, mais triste do que a tristeza deles é saber que existe ainda mais aflições pelos becos, vielas, marquises e favelas . Nestes lugares a realidade é sempre mais agonizante, entretanto, seu grito de revolta nunca é ouvido . Lá, onde a vida se refaz a cada instante o chavão do “ ano novo vida nova “ se perde em meio ao gemido da fome . E o ciclo se fecha. As comemorações passam e deixam pra trás todo o rastro da realidade ignorada.

3 comentários:

  1. É muito triste saber que em meio a tantas festas de ano novo, existam pessoas que estão passando fome e que no ano que inicia também passarão! E esse povo são "invisíveis"...Os políticos dizem que vão fazer isso ou aquilo, e muitos outros só querem "saber do próprio umbigo"...

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  2. legal o texto, todo a comemoração de ano novo não passa de pura merda

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  3. Pois é e essa peça nunca sai de cartaz, talvez com uma roupagem pseudo moderna sob forma ainda mais vil mesmo contendo atores decréptos, os "produtores" deste espetáculo insistem em expor ao público toda esta violência...

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