terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Endoculturação



Em punho, uma espada. Ela brilhava e parecia emanar a força e a confiança dos que acreditam em sua proteção. Na porta ou dentro das casas, sabe demarcar sua presença.Curioso! Desde o início do nosso processo de endoculturação somos condicionados, ora pelo senso comum, ora pela família, a criar e nutrir verdadeira ojeriza às religiões afro e tudo que provém delas.

No entanto, é fácil encontrar em lares católicos,“ mundanos’ e protestantes representações simbólicas dessas religiões. As mais comuns são as espadas. Tem de todas as espécies: De Iansã, de Oxóssi, de Ogum principalmente. A justificativa é imutável: “ Tenho porque afasta energias negativas’’.

Preconceito? Não, nenhum! Agora experimente bater em uma dessas casas todo vestido de branco e com os "pés no chão".Melhor não arriscar!

Que hipocrisia é essa que minimiza uma religião mais usufrui de seus elementos com o mesmo fim? Até quando a sociedade se manterá intolerante para com os não pertencentes ao clã-hegemônico?

Não sei! O fato é que esse condicionamento se desfaz quando nos despimos das vendas do senso comum e as substituimos por óculos culturais. É, acho que todos estão devendo uma visita ao oftalmologista, ou melhor, ao antropólogo.

Quanto a mim, já comprei minhas lentes! E melhor que isso, não sou mais uma folha de papel em branco...

3 comentários:

  1. Há muito tempo já estou usando as minhas...

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  2. O fato é que essas religiões se locupletam de práticas outrora religiosas mas que já se tornaram praticas culturais, haja vista que agora são amplamente utilizada, independente da crença religiosa. A utilização de banhos de folhas, à guisa de exemplo, continua sendo uma prática comum no Cambomblé - mas atualmente vem sendo utilizada culturalmente. Logo, esses oportunistas da fé, desenvolvem algo semelhante a fim de atrair adeptos dessas práticas, como se dissessem: "abandonem seus templos e venham pra cá pois temos algo parecido". Com a palavra, Gilberto Gil: " Eu até compreendo os salvadores profissionais
    Sua feira de ilusões
    Só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz
    Deixa o outro vender limões

    Um vende limões, o outro vende o peixe que quer
    O nome de Deus pode ser Oxalá, Jeová, Tupã, Jesus, Maomé
    Maomé, Jesus, Tupã, Jeová, Oxalá e tantos mais
    Sons diferentes, sim, para sonhos iguais"...

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