quinta-feira, 16 de abril de 2009

The Black is beautiful


As grifes que se apresentam no São Paulo Fashion Week - um dos mais badalados desfiles de modo do mundo -, poderão ser obrigadas a cumprir cotas raciais em seus desfiles.O motivo dessa determinação é o fato de esta semana, a Promotoria do MP (Ministério Público) ter aberto um inquérito para apurar a prática de racismo no evento, isto porque o percentual de modelos negros gira em torno dos 3%.

Essa ação reergueu o debate sobre a efetiva inserção do negro em todos os setores sociais. Mas, não é nesse ponto que vou tocar. Acredito que somente a inclusão de modelos negros nas passarelas não acaba com a discriminação que claramente ocorre no "mundinho fashion".

O meu grito de revolta é: quem desfila na SPFW, seja qual for a raça, necessita enquadrar-se no padrão Barbie de ser, isto é, no europeu. Não adianta incluir mulheres negras nas passarelas, se estas possuírem estereótipo de branco.

Para que o povo negro possa se enxergar nestes espaços é necessário que existam representantes autênticas de sua raça, de cabelos não alisados, nariz largo e, por que não, quadril avantajado?

Pior do que somente apresentar estas moças com “cabelos de branco”, é cortá-los totalmente, ao ponto de aparecer somente a “careca”. Esta ação é tão podre que “engessa” a singularidade de uma raça para legitimar outra. A desculpa dos estilistas “ O cabelo é difícil de adequar aos looks”.

Difícil é compreender que, em pleno século 21, o branco ainda seja considerado sinônimo de beleza.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Meu rolinho de papel couchê


Posso estar proferindo a seguir o desabafo de uma desesperada, mas a verdade é que, em nove dias, talvez o meu discurso e lugar social não tenha tanta relevância como agora. O motivo desse descrédito é o julgamento da ação que pede a extinção da obrigatoriedade do diploma de jornalista.

Sei que a criatividade do jornalista não está assegurada por um pedaço de papel carimbado. Porém, é de se considerar que o embasamento acadêmico permite a esse profissional “abrir as janelas e olhar para o mundo”.

E se tantas profissões de fundamental importância para a sociedade, como a de advogado, necessita do tal “rolinho de papel couchê ” ,então por que seria diferente com os formadores da opinião pública?

Em meu íntimo, sei que os bons do mercado não se prejudicarão caso a extinção aconteça. Entretanto, fico apreensiva ao saber que, no futuro, aqueles que - ,de uma forma ou de outra, influenciam o pensamento de toda uma população - correm o risco de serem simples reprodutores do óbvio, pois certas leituras só aprendemos a interpretar com o apoio do conhecimento – que geralmente habita e se prolifera na academia.