terça-feira, 31 de março de 2009

O papa é pop, os jovens não poupam ninguém


Paris, 25 de março de 2009...

O clima está agradável, dezenas de jovens passeiam pelas ruas. É apenas mais uma quarta-feira parisiense, certo? ERRADO! Manifestantes me atraíram com uma forma de manifestação pacífica, genuína, singular, mas, ao mesmo tempo, contestadora, aspecto primordial da subversão humana. São tantos os adjetivos que atribuo a esse momento....

“Se Deus não existisse tudo seria possível”, disse Dostoiévski. Sempre fui “avessa” aos dogmas das religiões.Não suporto o fato de eles tentarem ditar o que é certo ou errado. O homem é o senhor de seu destino! Deus nos deu, ou não, o livre-arbítrio?

O papa Bento 16 teme em discordar de mim e do resto da população que possuiu o juízo perfeito, mas eu o entendo, pois essa condenação ao uso da camisinha vem desde os primórdios da Igreja Católica. Ele não tem culpa! Talvez tenha lá em seu íntimo um pouco de noção da realidade, porém, prefere não se arriscar, reproduzindo o discurso de seus antecessores, mesmo que o mundo tenha dado voltas.

Mas dessa vez ele foi longe demais, criticar o uso da camisinha na prevenção da Aids durante sua visita à África, um país no qual 75% das mortes acontecem devido à doença? Eu sei que o papa é pop(popular), mas, nesse caso, era melhor ficar calado e parar de ouvir os Engenheiros do Hawai, porque eles já estão bem na fita!

Moral da história: aqui estou eu, na terra do scargot, dando mil risadas com a foto do papa e frase "EU DISSE NÃO" estampada em uma camisinha que eles, os manifestantes, estão distribuindo gratuitamente. A manifestação está ótima, mas bem que podia ser na África, né?

terça-feira, 24 de março de 2009

Me roubaram até o direito de ser cremado !



Essa semana começou a vigorá efetivamente a lei municipal de nº 3.377, determinando que todo cemitério, ainda que privado, é obrigado a conceder 30% de gratuidade do serviço à população carente. No Caso do Jardim da Saudade, esse percentual seria assumido através do serviço de cremação.

Isso é uma grande conquista, considerado que ás vezes este é um desejo do falecido que nem sempre tem condições, pois uma cremação gira em torno de R$ 4 mil, fora o preço do velório.Algumas coisas merecem nossa observação: Esse direito vinha sendo usurpado desde 1984 e somente agora foi devolvido à população. E pasmem! Para ter direito ao serviço é necessário que a família do morto, apresente um “atestado de pobreza”.

Quando parece que os menos favorecidos irão se beneficiar de algum modo, surge alguma letra miúda, algum asterisco na legislação - que literalmente - “ lhes puxam o tapete”.Gostaria de acreditar no velho ideal anarquista, que tema em dizer que uma sociedade igualitária é possível, mas o dia-a-dia me impede .

Viver em uma sociedade em que até o direito de ser cremado lhe é roubado, só fomenta desilusão e angústia.É triste mais é real! Definitivamente este não é um país em que a plebe tem vez .

sexta-feira, 13 de março de 2009

Meu aeroporto é 2 de Julho


Na última terça-feira, 10/3, a imprensa baiana reacendeu a polêmica que envolve o nome do Aeroporto Internacional de Salvador. O estopim foi o fato de o Ministério Público Federal na Bahia (MPF-BA), através de documento enviado ao Procurador- geral da República, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o nome do aeroporto fosse restabelecido, voltando a se chamar 2 de Julho.

O argumento usado para fazer o pedido foi o de que a Lei n.° 9661/98, que utilizou o nome do então Deputado Federal Luís Eduardo Magalhães para batizar o aeroporto afronta os termos dispostos no Artigo 216 da Constituição.

A modificação arbitrária do nome do aeroporto representa além de um descumprimento da Constituição, um total desrespeito para com o povo baiano e sua história, uma vez que nesta data comemora-se a Independência da Bahia.

Lembro-me que logo quando foi anunciada a modificação todos ficaram estarrecidos, justamente porque o Carlismo estava arrancando do povo uma representação simbólica de sua historicidade para simplesmente homenagear o seu falecido filho – que, diga-se de passagem, nada fez para merecer tamanha reverência - . Mas, neste caso, acho que não é necessário fazer nada mesmo, ser filho do “cabeça-branca “ já é o suficiente para merecer notoriedade.

Dentre as manifestações contrárias à mudança de nome, em 1998, destaco como mais fervorosa e organizada as passeatas promovidas pelo partido PSB, lideradas pela então ex-prefeita Lídice da Mata . Não gosto de política partidária, muito menos da que é (mal) feita na Bahia, porém, quando fazem algo positivo eu “tiro o chapéu”.

Agora, voltando à questão mais urgente, continuo chamando o aeroporto de 2 de julho.Ressaltando que devemos ter cuidado porque já tem aeroporto, cidade, escola com o nome do tal, imagina se “ netinho” assume o poder? Aposto que ele muda até nome de beco em homeagem ao avô. E nesse constante jogo em busca de visibilidade e poderio, a massa se perde, não sabe a quem recorrer.

Um sentimento que me causa revolta é o egoísmo. Veja bem, não temos educação, saneamento, emprego, moradia, saúde e tantos outros que não vou citar para não transformá-los em niilistas, então custa deixar que o povo tenha pelo menos história?

Renovar é preciso


Após alguns dias de abandono, o Rabiscando e Provocando está de volta, desta vez, muito mais crítico e intenso que outrora.Trata-se de uma nova roupagem, que abordará temas factuais da sociedade brasileira e mundial, mas sempre "de olho" no que nos interessa mais intimamente .Isto é, o que é notícia na Bahia e qual a relevância desta para a população.

Os poemas e pensamentos obscuros não se perderam, estão apenas congelados, conservados em fragmentos do tempo. Agora é hora de renovar, de analisar as entrelinhas dos discursos midiáticos, de treinar os olhos do observador e sobretudo, de perceber o que até então simplesmente foi visto.