terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Endoculturação
Em punho, uma espada. Ela brilhava e parecia emanar a força e a confiança dos que acreditam em sua proteção. Na porta ou dentro das casas, sabe demarcar sua presença.Curioso! Desde o início do nosso processo de endoculturação somos condicionados, ora pelo senso comum, ora pela família, a criar e nutrir verdadeira ojeriza às religiões afro e tudo que provém delas.
No entanto, é fácil encontrar em lares católicos,“ mundanos’ e protestantes representações simbólicas dessas religiões. As mais comuns são as espadas. Tem de todas as espécies: De Iansã, de Oxóssi, de Ogum principalmente. A justificativa é imutável: “ Tenho porque afasta energias negativas’’.
Preconceito? Não, nenhum! Agora experimente bater em uma dessas casas todo vestido de branco e com os "pés no chão".Melhor não arriscar!
Que hipocrisia é essa que minimiza uma religião mais usufrui de seus elementos com o mesmo fim? Até quando a sociedade se manterá intolerante para com os não pertencentes ao clã-hegemônico?
Não sei! O fato é que esse condicionamento se desfaz quando nos despimos das vendas do senso comum e as substituimos por óculos culturais. É, acho que todos estão devendo uma visita ao oftalmologista, ou melhor, ao antropólogo.
Quanto a mim, já comprei minhas lentes! E melhor que isso, não sou mais uma folha de papel em branco...
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Grades de vento
Acordou com todas as emoções enjauladas, presas em celas de segurança máxima. Tudo aprisionado, amordaçado, como a imprensa em tempos de ditadura.
Sentia dor, dor psicológica, muito mais profunda que a física, pois não acaba após o descanso corporal.
Sentia medo, medo... Help... O novo sempre vem causando fervor ou desalento.
Balaio de emoções
Ânsia - Vontade de descobrir algo novo
Esperança - Desejo que tudo mude
Paixão- Mistura estranha que amolece o corpo e alma
Angústia – Ter pensamentos obscuros e não expressá-los
Ódio - Quebrar o espelho e ignorar os 7 anos de azar
Garra - A vitória é necessária
Fracasso- Nem tudo dá certo
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Pensamentos
domingo, 18 de janeiro de 2009
O mercado das sensações
Domingão.Faz muito sol...
Elas estão em toda parte, ao alcance de todos e todas. No parque, na praia, no campo, nos shows. Apresentam-se em forma de erva, pó, pedra e tantas outras. As sensações são diversas: Alucinação, medo, agitação, calmaria (leveza do corpo). O que você quer sentir hoje?
Hoje as sensações podem ser compradas nas esquinas, se preferir, pode chamar o delivery. Triste será o dia em que nossas emoções estarão plenamente atreladas ao consumo destes “produtores de fugas”.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Universo paralelo
Silêncio. Silence. A ausência de ruídos era fúnebre ao ponto de ter que controlar a respiração para não alterar a ordem das coisas.
Os olhares se fixaram fortemente. Sua boca, suas mãos, SEU CORPO, todos clamavam silenciosamente por toques, carícias, prazer...
Singular, esse é o termo que melhor define a importância do momento. Momento em que a magia instaurada nos corações foi facilmente disseminada no ar.
Desejo, magia. Psicológico transformado artificial e
propositalmente.
Único! Universo paralelo.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Vivendo do ócio
Ele teceu mentalmente uma lista de compras. Nela, uma cota: gastar 10 reais. Quando se mora sozinho é preciso economizar tempo e dinheiro! Na cesta do supermercado, uma infinita variedade de cores e sabores. A embalagem atrai: “pronto em 3 minutos”, diz o anúncio. Os macarrões e sopas instantâneas, involuntariamente exemplificam o perfil do homem contemporâneo. Tudo industrializado, enlatado,! Se não, embalado a vácuo.
Insights, vários ao mesmo tempo. Já havia refletido sobre o assunto, mas não com a mesma intensidade. Confesso que após ter lido 1984, passei a ter medo do futuro, principalmente da comida sintética, ou melhor, da vida sintética que estamos construindo e chamando de progresso.
Não sou contra comodidade e praticidade, ao contrário, adoro meu miojo de galinha caipira, porém, critico os escravizados por ele. Além dos da classe de enlatados e fast-foods. Justamente pelo fato de estes não se rebelarem.
Após interiorizar minha experiência de campo e transformá-la em discurso libertário alimentício, chegamos ao caixa. Acredite! Tinha comida para três dias. Nossa! Às vezes parece que fazemos o mesmo com nossas vidas. Pegamos tudo pronto: conservado, enlatado, mastigado, desenhado, escrito por alguém, em algum lugar...
Insights, vários ao mesmo tempo. Já havia refletido sobre o assunto, mas não com a mesma intensidade. Confesso que após ter lido 1984, passei a ter medo do futuro, principalmente da comida sintética, ou melhor, da vida sintética que estamos construindo e chamando de progresso.
Não sou contra comodidade e praticidade, ao contrário, adoro meu miojo de galinha caipira, porém, critico os escravizados por ele. Além dos da classe de enlatados e fast-foods. Justamente pelo fato de estes não se rebelarem.
Após interiorizar minha experiência de campo e transformá-la em discurso libertário alimentício, chegamos ao caixa. Acredite! Tinha comida para três dias. Nossa! Às vezes parece que fazemos o mesmo com nossas vidas. Pegamos tudo pronto: conservado, enlatado, mastigado, desenhado, escrito por alguém, em algum lugar...
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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Uma nova era chega
De volta à city, caminho pelas ruas do centro. Deparo-me com velhos atores, antigos papéis. É triste ver e perceber que a vendedora de frutas continua cabisbaixa, com seus desejos e expectativas seguindo a mesma sincronia . Na porta da mercearia, o velho senhor ainda não conseguiu se separar da sua companheira de outrora. Ela é clara, pequena, em formado de bujão, mas ele parece não se importar com o que os outros pensam ou falam sobre sua relação de dependência. O estado sempre ébrio no qual se encontra dificulta o rompimento da relação. Talvez ele tente romper, mas o seu cheiro e seu efeito parecem aprisioná-lo.
Nada mudou. A moça das frutas, o senhor da aguardente. Tudo igual. Não percebo nenhuma perspectiva de transformação em suas faces, nem tão pouco a ilusão de mudança que todos parecem incorporar nos términos e inícios de ano.
Triste, mais triste do que a tristeza deles é saber que existe ainda mais aflições pelos becos, vielas, marquises e favelas . Nestes lugares a realidade é sempre mais agonizante, entretanto, seu grito de revolta nunca é ouvido . Lá, onde a vida se refaz a cada instante o chavão do “ ano novo vida nova “ se perde em meio ao gemido da fome . E o ciclo se fecha. As comemorações passam e deixam pra trás todo o rastro da realidade ignorada.
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