quarta-feira, 10 de março de 2010

Por onde andas, Bruno?




Em 2004 ou 2005, não me lembro exatamente, eu escrevia e publicava um fã-zine chamado Humanofobia. Nele, eu e alguns amigos externavámos inquitações à respeito da sociedade. Por conta do zine, que eu enviava para gente dos quatro cantos do Brasil, recebi uma carta de um poeta de Recife, chamado Bruno Candéas.

Juntamente com a carta, ele me mandou o seu récem-lançado livro "Férias do Gueto". E eu, claro, amei a obra, por isso reproduzi duas poesias do "poeta sem deus" no meu informativo alternativo, libertário...ufa!


Hoje, após séculos(rs), navegando pela net, encontrei um bando de poesias dele, e mais : descobri que ele ainda fez outras publicações.

O livro que Bruno me mandou permanece em minha prateleira.A dedicatória quase apagada me fez lembrar de como eram bons aqueles tempos em que eu - sem ao menos sonhar em ser jornalista - já "tirava onda" de editora.

Para quem ficou com vontade de conhecer a poesia existencial e inquietante de Bruno Candéas, aí vai uma deixa:


ENGRENAGEM

Poesia
não se entorna
se transforma.
Não se copia
cria-se.
Tem dedos
nos pé
pra caminhar
na linha
sem desequilibrar.
Poesia é máquina
e pulsação.




MULHER COM TALCO

O aroma de teus cachos
está nas prateleiras.

A suavidade de teus pés
está nas prateleiras.

O frescor de tua pele
também está lá!

...

Sinto tua presença
em uma loja de cosméticos.



ESQUIZOFRENIFORME

Amigos
nunca existiram.
Obra na privada.
Onde mais?

Delírio
doença
alucinações

Nenhum Jabuti
ou Nobel
pagará
essa dívida
com todos.

Epilepsia
eletro-choque
são prendas poucas
pro poeta sem-deus.


(Autor: Bruno Candéas)


Para saber mais acesse: http://www.interpoetica.com/rede21.htm

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